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sexta-feira, 24 de agosto de 2012

" O MISTÉRIO DAS LETRAS E DE SUAS COMBINAÇÕES - V "


Continuando as nossas conversas matinais. Recapitulemos o que esse texto de Deuteronômio (32:7-9) já nos ensinou, ou seja: aqui "o lembrar-se" (zachar), "o ver o passado" (zeman) nos convidam a olhar para a antiguidade (holam) e contemplar as gerações (dor); nesse contexto de antiguidade ("tanto desde o passado longínquo quanto o futuro distante" e o "princípio do mundo") e gerações ("o ciclo da vida de alguém, desde o nascimento até a morte" e "uma era ou período de tempo") é que devemos posicionar as mensagens das 4 palavras (desejar - adversário - clareza - problema) e de seu significado mais oculto (lembrar-se, ver o passado), não só no aspecto individual, pessoal, mas expandindo-o para a comunidade, para as nações e os povos. Ou melhor, é uma necessidade básica do caminhar do homem e das nações no universo, através dos tempos e estações.
Contudo, o texto bíblico ainda acrescenta um outro termo - o verbo "atenta" -, de suma importância, pois o atentar advém em hebraico de byn, que é uma raiz primitiva (dela se origina bynah, o entendimento, uma das emanações que procedem do Trono de DEUS) e que significa "separar mentalmente ou distinguir", e está ligado a outro termo básico - badal -, que é usado pelo ESPÍRITO SANTO no 1º capítulo do Gênesis e traduzido pela palavra em português - "separação" -, que se deve fazer tanto da luz e da treva como das águas de cima e das águas de baixo.
Há aqui algo vital, fundamental, primordial, medular, pois este distinguir (separar mentalmente), tanto a luz da treva, como as águas de cima das águas de baixo, envolve dois dos problemas mais básicos do caminhar humano. O 1º problema, "luz e treva", é essencial, pois uma confusão nessa área pode ser fatal, senão vejamos: se a "luz" que julgarmos ter para o nosso caminhar for "treva", as Sagradas Escrituras, em Mateus 6:23, nos advertem "Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão", ou seja, o caminho que estivermos trilhando e que julgamos correto, poderá estar nos levando direto ao abismo. E o 2º problema, "águas de cima e águas de baixo", diz respeito à matéria prima primordial, indiferenciada, na qual estamos sendo mergulhados (batizados), envolvidos, constituídos, através do nosso caminhar de vida, religioso ou não, pois a água nos remete diretamente ao batismo (e por imersão), e a Palavra adverte que há "águas de cima e águas de baixo", as quais precisamos distinguir, porque farão parte da nossa constituição como seres humanos. "As de cima" fazem referência aos céus, shamaym em hebraico (Gen. 1:1), à Palavra viva de DEUS (que é o que estamos procurando usar aqui), e atuam quando deixamos que Ela nos molde progressivamente, e "as de baixo" nos remetem à religiosidade humana, a todo o sistema sacrificial humano, ao sagrado violento (nasceram com um assassinato fundador), à toda a cultura humana desde Caim e Abel (Caim foi fundador de cidades), que desde sempre e até hoje dominam as várias religiões e a geopolítica, suas igrejas e denominações, suas formas de governo, seus povos e nações.
Num contexto paralelo e complementar, vejamos a origem do rio Lethe (rio do Inferno) na mitologia. Nos diz a mitologia grega que ele é filho de Éris, a discórdia (que por sua vez é filha da Noite ou Nix), e mãe de todos os males: a dor, a fome, e lutava sempre ao lado de Ares (o deus da guerra) e Enio (a guerreira, mensageira de Hades). Já Noite ou Nix, é filha do Caos e personificava a Treva.
Quantas verdades maravilhosas e vitais, é muita claridade. Vamos tentar decodificá-las com a ajuda do ESPÍRITO SANTO. Essas 4 palavras e seu contexto oculto tanto do - lembrar-se - como o do - ver o passado -, seja através da nossa vida como da vida dos povos (quem não conhece a sua história está condenado a repeti-la, diz o filósofo Santayana), é que pode, através do aprendizado sobre "o distinguir" ou "o aprender a separar mentalmente" tanto "luz e treva",  como "águas de cima e águas de baixo", livrar-nos da "discórdia e/ou da guerra", não só entre nós seres humanos (homem e mulher, irmão e irmão) como entre os povos e nações. Pois Éris, a discórdia, a guerra, é filha da Noite ou Nix, cujo contexto é a própria Treva. Daí porque os dois primeiros dias da Criação tragam ensinamentos vitais, ou melhor, aquilo que o Criador no Gênesis ou Bereshit disse, é um tremendo alerta (por isso as Palavras "lembra-te" e "atenta"), isto é, é imperiosa a necessidade de saber distinguir entre a Luz e a Treva (a Noite, Éris e o Lethe), as "Águas de cima e as Águas de baixo" (a Palavra e/ou a Religião, o Sagrado), pois da sua confusão nasce a discórdia e a guerra, com suas consequências malignas: a dor e a fome. É dentro desse contexto que podemos entender porque o Criador colocou um firmamento ou uma expansão entre tais "Águas", cujo termo em hebraico é raqyah, ou seja, uma área ampla a separá-las (um tipo de paralelo "38", cuja leitura pela metamatemática seria interessante), e cuja transposição só pode ser feita por quem tem "olhos para ver e ouvidos para ouvir", como nos ensinam as Sagradas Escrituras, caso contrário, a Treva nos envolverá na discórdia e na guerra, com dor e com fome, para nos mergulhar para sempre no esquecimento.
Em assim sendo, neste texto básico, o ESPÍRITO SANTO aproxima estas duas palavras: lembrar-se (zachar) e separar mentalmente/distinguir (byn), que são primordiais e medulares, para juntas serem nosso referencial no caminhar diário, a fim de ficarmos livres do esquecimento, da discórdia, da guerra e da treva, da dor e da fome, e para sabermos distinguir entre o caminhar da Palavra e o caminhar simplesmente religioso (Sagrado), e isso - sobretudo -  para aprendermos a lidar com o nosso desejo, a fim de que não seja nosso adversário ou usado pelo próprio Adversário contra nós, e sabermos nos beneficiar dessa Luz, dessa claridade, escapando então dos vários problemas e constrangimentos malignos, e  podendo trilhar o caminho que conduz à salvação - lembrando-nos da Palavra, aprendendo a separar mentalmente com o ESPÍRITO SANTO, e seguindo assim Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida... Um bom dia, com a memória sempre em dia, Enos.

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