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sábado, 1 de janeiro de 2011

" O Filho Pródigo II "



É interessante observarmos que, no Oriente Médio, qualquer propriedade está edificada em proximidade a uma aldeia e dela faz parte integrante, passando seus membros a obedecer às leis vigentes nesse grupo humano. Isto é algo que diz respeito intrinsecamente à nossa parábola, ou seja, quando o filho mais novo, figura do gentio, pede sua parte na herança, com o Pai ainda vivo, está desrespeitando a lei vigente, pois só se podia herdar com a morte do Pai, ou seja, na realidade dos fatos, está desejando que o Pai morra para poder receber sua parte na herança, algo com que o filho mais velho, figura do judeu, também concorda, estranhamente. Ora, isto, é uma ofensa à lei da comunidade a que faziam parte. Em assim sendo, fazendo uma analogia com a Criação, com o Eden, e com a atitude de rebeldia do filho mais novo, verificamos que este pedido da herança, que uma parte da humanidade assumiu, é uma afronta à comunidade celestial, e provoca uma atitude de condenação de sua parte para com o homem caído, que desejara o "assassinato do Pai", a sua eliminação do horizonte terreno, alimentando-se da árvore do conhecimento do bem e do mal à sua própria maneira. Isto traz algumas consequências muito fortes para o kosmos, pois qualquer tentativa de perdão do ato infrator cometido, precisa passar pelo julgamento e aprovação dessa comunidade celestial, ou seja o Pai do filho pródigo terá que demonstrar à essa comunidade que a lei será respeitada (pois não é um tirano), que as bases que sustentam a harmonia do kosmos serão mantidas e fortalecidas. Dessa forma, quando o filho mais novo começa um processo de arrependimento, na plenitude dos tempos, e manifesta seu desejo de voltar para casa, terá que enfrentar o repúdio e a condenação da comunidade da aldeia em que vivia, e, semelhantemente, o homem caído, para poder se arrepender e ser aceito na casa do Pai terá - igualmente - de ser confrontado com a comunidade celestial e sua posição de julgamento do ato por si praticado, o desejo da morte do Pai (pelo pedido intempestivo da herança). Só assim podemos começar a entender tanto a atitude do Pai na parábola, como a atitude do Pai no universo, enviando seu Filho para o resgate da humanidade caída. O Pai do filho pródigo o avista de longe, e, antes da aldeia posicionar-se, confrontando-o com seu êrro grave, corre ao seu encontro, algo inconcebível no oriente (pois um Pai e um homem de idade jamais tomariam essa atitude impensável: "de sair correndo", algo humilhante). Dessa forma graciosa e inovadora, ele antecipa-se ao julgamento da aldeia e manifesta seu acolhimento ao transgressor, abrançando-o e beijando-o. Aquilo que igualmente está expresso na atitude do Pai ao enviar seu Filho amado ao encontro do homem decaído, abrindo seus braços na cruz e o acolhendo em seu seio Divino, perdoando sua transgressão e liberando sua plena aceitação (a alguém que havia desejado a Sua morte, no início da nossa história). Esta atitude graciosa de DEUS Pai, ensejando que a morte de CRISTO, em nosso lugar, redimisse o nosso pecado de desobediência, justifica-nos perante a comunidade celestial e permite nossa volta ao lar, com o resgate de nossa filiação. Conclui-se: quem quer que seja que deseje voltar para casa, para o lar, para o resgate de si mesmo, para um encontro com sua verdadeira vocação: ser a imagem e semelhança do Pai, só poderá faze-lo atraves da aceitação do sacrifício de CRISTO na cruz, pois este é o "passaporte" para o retorno à comunidade celestial da qual fizemos parte um dia, e, voluntariamente, a deixamos nesse passado remoto, no Princípio. Quando nos colocarmos perante o Tribunal celeste e o acusador levantar-se para nos apontar os pecados cometidos, nosso Advogado exibirá suas mãos marcadas pelos cravos e dirá perante o Tribunal que pagou o preço da nossa condenação e que estamos plenamente justificados, podendo entrar para o banquete que o Pai vem preparando através dos tempos. Aleluia! Glória a DEUS!