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quarta-feira, 15 de maio de 2013

MACHO E FÊMEA – O CASAMENTO – II


“E disse o Eterno DEUS: Não é bom que o homem esteja só. Far-lhe-ei uma companheira frente a ele.” (Gen. 2:18)


Lembremos (zachar), estamos dentro do contexto mais fundamental de todos, o do bem e o do chamado “mal”, ou seja, da luz e da ainda-não-luz, da perfeição e da imperfeição, do acabado e do inacabado, devendo cada ser humano alimentar-se desses dois frutos para poder fazer a sua escolha, querer ou não completar-se – sair da ainda-não-luz para a luz -, para vir a experimentar a perfeição da obra criada, deixar-se como Hadam (terra vermelha) trabalhar pela Mão Divina (o Divino oleiro) para alcançar em plenitude a “imagem e semelhança do Criador”. O verdadeiro homem é que é imagem e semelhança do Criador.
É nesse contexto fulcral – do Gan Eden – que a expressão – macho e fêmea – ganha uma configuração de extrema profundidade, pois o homem, para sair do estado de “ainda-não-luz” para a luz, vai precisar daquela que “dá a luz”, a fêmea do gênero humano, a mulher, (Chawah, Eva, a mãe dos viventes, a doadora de vida), por esta razão o PAI a criou como “uma companheira frente a ele”, que em hebraico é traduzido por – hezer kenegedo -, ou melhor, uma ajudante opositora, uma ajudante compatível, uma ajudante associada. Isto é, para que o homem receba luz e saia dessa situação inicial (desde a queda) de ainda-não-luz, precisa que a mulher lhe dê à luz, ou melhor ainda, lhe faça uma oposição sadia, como uma associada em seu caminhar, esteja sempre defronte a ele, confrontando-o e desafiando-o a se realizar como o macho do gênero humano, aquele que sabe “lembrar-se”, ater-se à verdade, e possa conduzi-los a ambos – homem e mulher – em a direção da luz cada vez mais plena, quando conquistará o NOME (razão medular pela qual os judeus chamam a DEUS de HASHEM, o NOME), com que foi agraciado pelo Criador, realizar-se-á plenamente, desenvolverá seus talentos mais ricos, e será tremendamente criativo. A mulher, Chawah, como doadora de vida, ao dar à luz ao seu companheiro, também irá se realizar plenamente na sua missão Divina de ser “aquela que contém” a semente da verdade (aletheia), aquela que traz ao mundo um ser que sabe o que deve fazer, que não irá ser perder pelo caminho. Ora, esse encontro e esse caminhar só poderá ocorrer no casamento, quando um macho e uma fêmea podem se encontrar e se defrontar, razão pela qual o ato sexual entre o homem e a mulher é feito - frente a frente -, e não um atrás do outro, como fazem os animais, e tentam faze-lo aqueles que ainda não compreenderam o que está encerrado no casamento entre macho e fêmea, ou seja, a reconstituição do ser das origens – o Hadam Kadmon, o andrógeno –, algo que só será possível através daqueles que far-se-ão “uma só carne”. Por isso, o Criador disse: “Não é bom que o homem esteja só”, algo que envolve não apenas a mera solidão “estar só”, mas que pontua algo muito mais profundo, pois a solidão física não tem comparação com a solidão existencial, pois esta só irá ser aplacada pela união de 2 seres diferentes, mas complementares, que só e só pode se dar no casamento entre macho e fêmea.
Nesse instante de nossas considerações, vamos aproveitar a sabedoria do Rabino Shlomo Riskin, em sua obra “Luzes da Torá”, vol. 1 – Gênesis, quando ele nos ensina:
“Por que o “nascimento” de Eva está aparentemente cercado de uma qualidade mítica ?  Por que ela é criada a partir de Adão e não como uma criatura independente ?  Na própria pergunta está contida a resposta. O “nascimento” sem paralelo de Eva marca seu papel ímpar como parte inextricável de seu companheiro masculino, como uma criatura com quem ele precisa partilhar e não uma criatura que ele precisa controlar. Afinal de contas, como ela é parte dele, ele também é parte dela.
Portanto, de acordo com essa interpretação, o ser inicialmente criado por DEUS era masculino e feminino. Quando Adão adormeceu, DEUS dividiu essa criatura em duas, de modo que cada metade procurará se completar com a outra. Assim, cada metade compreenderá sua dependência na outra e buscará ficar inteira por meio da outra. De fato, em cada relacionamento ou mutualidade há momentos em que cada uma das partes deve desempenhar um papel mais passivo, como se caísse num sono profundo, para que a outra possa emergir.
Ao acordar, Adão diz a respeito de Eva: “Esta aqui é osso de meu osso e carne de minha carne” (Gen. 2:23). Sua busca terminou. E o que é verdade para Adão é também verdade para o gênero humano. A personalidade humana viverá em angústia até encontrar a compleição por meio do verdadeiro sócio de sua vida. Assim, no versículo seguinte, DEUS anuncia o segundo princípio básico da vida: “Portanto, deixará o homem seu pai e sua mãe (e não seus 2 pais ou suas 2 mães) e unir-se-á à sua mulher e assim serão como uma só carne”. (Gen. 2:24)”.
Só podemos nos fazer – uma só carne – vivendo em plenitude o relacionamento do macho e da fêmea do gênero humano. É algo que só podemos experimentar saindo desse estado de “ainda-não-luz” para caminharmos em direção da luz, e o único ser que poderá nos ajudar nessa libertação é a mulher de verdade – a companheira idônea -, aquela que vai nos ajudar em oposição – hezer kenegedo -, uma ajuda associativa, vamos ser sócios de um mesmo empreendimento, recuperar a imagem e semelhança do Criador, pois o macho e a fêmea vem Dele, e Ele quer que nós experimentemos aquilo que o psicólogo Jung já havia preconizado, descobrirmos nossos lados masculino e feminino, em cada um de nós, tanto homem como mulher, mas isto só poderá se dar pela diferença e não por uma identidade do mesmo, que não nos vai levar a lugar algum, mas nos manter na solidão existencial, que é terrível e penosa, pois nos mantém adormecidos em sono profundo, aquele que vai nos conduzir diretamente para o rio Lethe do inferno.
A posição homossexual é um estado de ainda-não-luz, de imperfeição, de inacabamento, de confusão, não descobrimos ainda a nossa identidade mais básica, de macho e fêmea, algo que a Psicanálise explica muito bem, ou seja, em nosso crescimento físico e mental, um dos passos iniciais é descobrir quem somos em nosso gênero humano, macho ou fêmea, para poder aprender a desempenhar os papéis relativos a cada um deles. Se não conseguirmos dar esse primeiro passo, vamos seguir confusos de quem somos para o resto da vida. E isto é ciência pura, algo que não tem nada a ver com crenças religiosas, mas que diz respeito à nossa constituição física e mental, que terá profundas repercussões no caminhar espiritual.
Com os referenciais em vista: da Árvore do bem e do chamado “mal”, e do que é realmente ser macho e fêmea; meditemos nessas verdades, e permitamos vir à lembrança as cenas das origens, do Gan Eden, para não sermos novamente iludidos pela serpente, que quer nos fazer “como DEUS”, e não permitir a nossa realização como homens e mulheres, como macho e fêmea, quando aí, e só aí, poderemos realmente portar a imagem e semelhança Divina e levá-la para o patamar bíblico da Revelação de HASHEM, o NOME. Um bom dia com a memória em dia. Enos.

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