" O Tempo de DEUS "

Recorramos a outro midraxe hebraico, em Gênesis Rabah 88,7, sobre Gen. 40:23:

"O copeiro-mor não se lembrou de José, e esqueceu-o. Durante todo o dia ele fazia planos e um anjo confundia-os. Ele fazia nós e um anjo os desmanchava. O Santo, Bendito seja Ele, disse-lhe: Tu o esqueces, mas Eu não o esqueço; como está escrito: O copeiro-mor não se lembrou de José.

Outro comentário: O copeiro-mor te esqueceu, mas Eu, Eu não me esquecerei de ti. Quem teria acreditado que de Abrahão e Sara, já velhos, nasceria um filho ? Quem teria acreditado que Jacob, que atravessou o Jordão com seu cajado, multiplicar-se-ia e enriquecer-se-ia ? Quem teria acreditado que José, tendo passado por todas as provações tornar-se-ia Rei ? Quem teria acreditado que Moisés, lançado no Nilo, tornar-se-ia o que veio a ser ? Quem teria acreditado que Rute, uma estrangeira, alcançaria a realeza em Israel ? Quem teria acreditado que David tornar-se-ia Rei, até o fim das gerações ? Quem teria acreditado que Yehoyaqin sairia da prisão ? Quem teria acreditado que Ananias, Misael e Azarias sairiam da fornalha ? Quem teria acreditado que o Santo, Bendito seja Ele, salvaria Israel nos dias de Haman ? Quem teria acreditado que os exilados conheceriam a glória e a fama ? Quem teria acreditado que o Santo, Bendito seja Ele, levantaria a tenda desmoronada de David ? Como é dito: Naquele dia, Eu levantarei a tenda de David. Que o mundo inteiro tornar-se-ia uma comunidade única, como é dito: Então darei aos povos lábios puros, a fim de que todos invoquem o Nome do Senhor e O sirvam de comum acordo ?  (Sof. 3:9)

O primeiro texto prende-se à redundância contida no versículo bíblico: O copeiro-mor não se lembrou de José - e o esqueceu. Esta dupla afirmação de uma única idéia exige duas explicações: O chefe da corporação dos copeiros propõe-se a chamar a atenção do Faraó sobre José, mas um anjo desconsidera seu plano a ponto da lembrança de José escapar-lhe, apesar de suas boas intenções. Recorre, então, ao meio clássico que consiste em dar nós, à guisa de lembrete, mas um segundo anjo os desfaz. O esquecimento é repetido. Tal explicação do pleonasmo contido na frase bíblica leva a firmar que é DEUS quem provoca deliberadamente a perda da memória da parte do chefe dos copeiros, a fim de poder, Ele próprio, intervir no tempo por Ele fixado. A salvação e José dependerá de DEUS e não do copeiro-mor.

O segundo comentário extrai daí uma lição: ainda que DEUS tarde, a ponto da situação parecer desesperadora, reserva Ele o momento da intervenção, quando bem Lhe parecer (em sua sabedoria). Esta lição é corroborada por uma série de exemplos bíblicos onde o impossível torna-se realidade.