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quinta-feira, 3 de maio de 2012

" O Filho Pródigo III "



Passado algum tempo, percorrida mais uma etapa da caminhada, mais experiente e tendo alcançado nova consciência no mundo espiritual, vamos dar continuidade ao estudo do Filho Pródigo, dentro do insight já abordado. Em assim sendo, tendo o filho mais novo chegado em casa e sendo recebido amorosamente pelo Pai, depois do seu arrependimento e confissão, o Pai vira-se para se dirigir aos servos (os servos estão ali na estrada com a multidão), e dá ordens específicas de vestir o filho, como os servos fazem com um rei. Esta ordem de vestir o pródigo assegura um respeito apropriado da parte dos servos, que naturalmente estão esperando ansiosamente algum indício da parte do Pai, que lhes diga como tratar o filho que está voltando ao lar. A melhor roupa certamente é a do Pai (o ouvinte oriental imediatamente subentenderia isto), e a 'primeira' seria a roupa que o Pai usava em dias de festas e outras grandes ocasiões. A idéia é que, quando os convidados chegarem para o banquete, e quando o povo afluir para vê-lo, para ouvir a sua história, e congratular-se com ele pela sua volta, a roupa do Pai assegurará aceitação da parte da comunidade (inclusive celestial). Com esta ordem o Pai assegura a reconciliação entre o seu filho e os seus servos, e, ao mesmo tempo, assegura a definição da reconciliação de seu filho com a comunidade (inclusive a celestial). Que mensagem estaria escondida por trás desse vestir ? Ora, a roupa é um símbolo exterior da atividade espiritual, a forma visível do homem interior. No caso presente, diz respeito ao despojamento do homem velho e o revestir do homem novo do qual fala Paulo, a purificação que antecede a passagem (Páscoa). Escatologicamente, isso nos faz pensar na roupa nupcial do Evangelho (Mat. 22:11-14) e na do Apocalipse (22:14), ou seja, 'Felizes os que lavam suas vestes ... para entrar na Cidade pelas portas'. No V.T. a roupa pode significar, ao manifestá-lo, o caráter profundo daquele que a veste (ver Dan. 7:9 e Is. 61:10). Por outro lado, a salvação é uma segunda roupa que se acrescenta - ao transformá-la - à primeira, que  portanto só pode designar o corpo... Ainda escatologicamente gostaríamos de transcrever trecho muito inspirado de Kenneth Bailey, em sua obra "A poesia e o camponês", a saber: "Pode ser lembrado que JESUS falou da Era Messiânica como uma nova roupa (Marc. 2:21) e que Ele comparou o perdão com a melhor roupa com que o Pai vestiu o filho pródigo (Luc. 15:22); daí, não podemos duvidar que esta é a comparação que está por detrás de Mateus 22:11-33. DEUS lhe oferece as vestes limpas do perdão e da justiça imputada." Em seguida lhe é oferecido o anel que, tudo indica, é um anel de sinete, que significa que o pródigo merece uma confiança toda especial. Como exemplos temos o anel nupcial, o anel pastoral e o anel do Pescador (usado pelo Papa). Assim, ele aparece como o signo de uma aliança, de um voto, de uma comunidade, de um destino associado. Para nós que andamos com DEUS o anel simboliza a união fiel, livremente aceita. E está assim ligada ao tempo e ao Kosmos. Os primeiros cristãos, à imitação dos gentios, usavam anéis, e Clemente de Alexandria aconselhava os cristãos de seu tempo a usarem no engaste de seus anéis a imagem de uma pomba, de um peixe ou de uma âncora. Num momento seguinte, lhes são calçadas as sandálias/sapatos, que são o sinal de que ele é um homem livre na casa e não um servo (como havia pedido de início em sua oração). Ora, o sapato significa tomar posse na terra, assim , o calçado torna-se o símbolo do direito de propriedade, pois tem a posse legítima da terra em que se encontra. Ao colocarem nele as sandálias os servos o fazem como sinal de que o aceitam como senhor deles, de fato, nenhuma outra ordem poderia ter expressado este fato de maneira tão evidente. Por fim o Pai ordena que se mate o bezerro cevado. Em assim sendo, o sacrifício do bezerro cevado está nos direcionando à figura do Touro, de sua força irresistível e arrebatamento. Aquilo que invoca o macho impetuoso, como fora o comportamento do pródigo ao sair de casa. Esta energia precisa ser colocada no altar, e imolada em oferecimento a DEUS, para que possa servir de alimento para o nosso caminhar diário, já devidamente equalizada pelo ESPÍRITO SANTO em nossas vidas. E notem que era um bezerro cevado, uma energia que havia se expandido ao máximo, e que precisava a partir de então de se enquadrar nos limites da saúde espiritual. Temos aqui, nas vestes, no anel, nas sandálias e no bezerro cevado, quatro aspectos que envolvem a nossa volta a DEUS, na qualidade de filhos mais novos (pródigos), para podermos ser respeitados pelos servos e aceitos na comunidade celestial. Feitas as aprontações, segue-se o banquete.



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